12 de setembro de 2010

Sem definições


Eu vou jogando com as palavras. Às vezes, escrevo coisas que não entendo muito bem. Outras vezes, ainda, eu releio coisas que escrevi há tempos e é como se outra pessoa as tivesse escrito, não eu. Tenho a impressão de que estou lendo coisas escritas por uns estranho, pois não me reconheço no que escrevi, no que saiu de minha alma e veio à tona em versos, frases, ou fragmentos.
Já tentei, muitas vezes, me definir no que escrevo, mas descobri há pouco que não posso me definir, porquê ainda não estou pronto! Se estiverem atrás de mim, querendo que eu fale ou explique quem sou, estão perdendo a viagem. Estou me construindo, construindo a minha existência, meu caminho, minha essência!
Talvez pelo fato de ainda não ser, eu não consiga me reconhecer nas coisas que eu mesmo escrevi há meses, anos atrás. Eu estou mudando. Sinto que hoje não sou igual ao que fui há seis meses. Sinto que uma alegria infame andou me contagiando a alma de uns dias pra cá. Sinto que meu corpo já sofre os efeitos do meu cansaço mental com intensidade. Sinto, sinto, sinto...
Ainda hoje, à tarde, reli alguns poemas e fragmentos escritos à mão há alguns anos. As folhas já estavam amareladas pelo tempo, com as bordas amassadas. Alguns foram escritos em guardanapos de papel em algum noite de verão, outros escritos em pequenos pedacinho de papel que, certamente, eram rascunhos de algum lugar. Meus versos mudaram, minha forma de escrever mudou, o que eu sentia mudou. O que não mudou foi fato de sentir. Minha alma é maior que meu corpo. Sinto tudo de modo mais gritante do que os “normais”. E gosto de sentir desse jeito!
Dispenso os perfumes suaves, os temperos suaves; dispenso os sabores insossos, as luminosidades médias. Não gosto do meio-termo, do médio, das coisas equilibradas demais! Gosto dos extremos, porquê viver de equilíbrios é quase morrer!

Juliano Cruz
12/09/2010 – 00:12h

9 de setembro de 2010

Intolerável


"De tão caótica, há períodos em que a vida se torna intolerável dentro de mim. Não encontro outra forma de me libertar desse caos senão escrevendo, tentando entorpecer a mente, a alma, ou seja lá o que for com estas simples confidências tristes que me escorrem pelas pontas dos dedos como se fossem um lamento líquidos de proporções escandalosas!
Às vezes essa coisa intolerável perdura por dias a fio. Outras vezes, se ausenta de mim em prazo de milésimos de segundos. O tempo que duram, na verdade, pouco importa. Importa, realmente, saber que estes períodos de vida intolerável, cheia de vazios e cinzas devastam-me quase por completo. Em tempos assim, eu só consigo enxergar os dias coloridos como pálidos reflexos de qualquer coisa. Tenho ódio ao sol, náusea à luz e às cores. Tudo se torna tão insuportável que julgo estar perdendo uma parte importante de mim, como se ame fosse abortado algum órgão vital.
Intolerável, vazia, acinzentada...assim vejo as ruas, os carros, os amantes sob o luar, as flores da palpitante primavera que se aproxima. A vida dentro de mim se estancou há muito. A alma, pelo que vejo, já é morta, porém o corpo ainda faz questão de se manter vivo. Nada me desperta a atenção: as cores, os sons, os odores, enfim, tudo se faz sentir por mim com uma agressividade tamanha, como se minha alma estivesse transcendendo meu corpo, transbordando por meus poros. A única coisa que ainda procuro é um olhar numa rua qualquer que me reconheça, que se reconheça no meu olhar; um abraço que necessite do meu abraço, não sei quê de satisfação que consiga me atingir na veia".

Juliano Cruz
(08/09/2010 – 22:38h)

4 de setembro de 2010

"Eu tive um sonho ruim e acordei chorando..."


Escrevi este texto ainda há pouco, após acordar de um pesadelo. Há muito de mim no que escrevi, como também há coisas de outras pessoas próximas a mim. É madrugada e eu não consigo dormir...


Uma overdose de verdades da vida

Ela não era feia. Tinha um belo corpo esguio, longos cabelos castanho claro e nos olhos esverdeados a fúria de um mar bravio. Apenas não era dada a conversas fúteis, o que fazia dela um ser humano incomum; diferente da maioria. Porém, a maioria a achava estranha. Ela era inteligente: lia bons livros, ouvia boa música, apreciava bons filmes, e tinha apenas 17 anos. Seu nome era Mariana.
A coisa toda começou na escola. Um dos meninos, popular, até, se aproximara dela e começara a notar que ela era muito mais do que o silêncio e os jeans surrados que usava. Ali havia alma! Uma alma cheia de encantos e de uma vida indizível. Por fim, acabou por apaixonar-se. Não havia muito a fazer senão apaixonar-se por aquela criatura tão meiga. Cheia de puros desejos de felicidade, apreciou andar pelos corredores do colégio de mãos dadas com seu romance adolescente, cheio de maturidade.
Muitos se doeram com isso.
- Quem ela pensa que é? – diziam as bocas infernais.
De tão inconformados com aquela cena, resolveram tramar o fim daquilo tudo. Não gostavam de Mariana, que jamais fizera qualquer coisa que pudesse angariar o ódio de alguém. Aliás, havia sido ensinada, desde criança, que todos têm o direito de serem como quiserem ser, e que ninguém tem o direito de interferir nas escolhas dos outros. Fora educada a respeitar a quem quer que fosse!
Infelizmente, não gostavam de Mariana. Desejaram vê-la não morta, mas humilhada, e escolheram para isso, o dia do baile de formatura. Queriam vê-la infeliz...quanta maldade!
O ginásio do colégio estava cheio. A música tocava freneticamente, e corpos já suados esbarravam-se uns nos outros, naquilo que parecia ser uma tentativa de dançar. As luzes coloridas varriam o ar espesso e pesado do ginásio naquela noite tórrida de verão. Mariana estava esperando seu par. Esperou, esperou, esperou, esperou e nada! Havia colocado um vestido azul brilhante, prendera o longo cabelo num arranjo de flores. Fez o melhor para aquela noite, não simplesmente para ficar bonita, mas para agradar aquele a quem seu coração escolhera. E ele, pensou ela, se deu o direito de não aparecer.
Enquanto Mariana se dirigia apressada para a saída do ginásio, tropeçando na barra de seu longo vestido, uma lágrima revolta correu de seus olhos claros. A maquiagem se desfez, assim como se desfizera o sonho de ser amada.
Sentiu dissolver-se ao sabor de suas lágrimas indóceis as quimeras, as ilusões e a lembrança daquilo que poderia ter sido. E uma saudade sem tamanho encheu o coração vazio de Mariana. Sentiu saudades do tempo em que podia ser ela mesma, sem que ninguém lhe perturbasse o espírito; saudade de quando podia simplesmente viver tranqüila, sem se preocupar em ter que agradar a alguém para ser aceita. Antes de chegar à porta de saída, viu aqueles que lhe zombavam e olharem para ela satisfeitos, com gargalhadas terríveis a lhe subirem do estômago.
Logo de início, percebeu que eles haviam tramado tudo. O que lhe doeu mais não foi a armação contra ela, contra sua felicidade, mas o riso! Isso a remeteu a tantos anos sendo motivo de cochichos e risos pelos corredores do colégio. E piorou muito quando aquele a quem ela amava surgiu entre todos, apontando-lhe o dedo e rindo. Enquanto saía daquele lugar inóspito, tropeçou na barra de seu vestido azul brilhante. Aí é que choraram de tanto rir!
Com a maquiagem desfeita, com os olhos embotados de rimel e lágrimas, Mariana descobriu que a música dizia a verdade: antes que o sol lhe viesse socar a cara, ele já teria ido embora. E assim terminou a noite: libertadora, já que não tornaria a ver aquelas pessoas que tanto a machucaram, mas dolorosa, porque aprendeu no riso deles que o amor é uma catástrofe, e machuca muito! (04/09/2010 - 01:28h)

17 de agosto de 2010

"...Fogo que arde sem se ver..."


Amor Desesperado

Agoniza o sol nesta tarde cinzenta,
Deslizam sob o céu nuvens errantes, imaculadas.
Não há mais razão para minhas lágrimas incontidas:
Nasce uma vã esperança, enquanto finda este inverno.

Amo-te!
Amo-te mais, infinitamente mais, cada dia,
A ponto de não ser capaz de existir longe de ti, Musa,
Até perder a minha razão, amo-te!

Calafrios tenebrosos percorrem meu corpo,
Teus olhos não cessam de virem-me à mente.
Onde posso escapar de tua voz tão doce?
Amo-te até o desespero!

Amo-te como um desesperado,
Com um insano ar de inocência,
Numa ilusão tórrida e insólita de menino,
Como um amante enlutado!

Morre a tarde!
Num gesto de ternura, tento me lembrar do teu riso.
Uma visão etérea invade minha mente,
És tu, Criatura Bela...

Morro de amor em teus braços,
Provo de mil paixões.
Sinto desfalecer minha alma,
Felicidade celeste ao teu lado!

Nada mais digo,
Recolho minhas lágrimas.
Cessam minhas tormentas,
Porque amo-te sempre e para sempre... Até o fim, amo-te!

Juliano Cruz
12/08/2007- 18:26h

3 de agosto de 2010

Aqui jaz...

Após um período de silêncio, volto a postar aqui um poeminha meu que, modéstia à parte, é um dos meus mais bonitos. Ele ficou um tempo esquecido, porém, eu o encontrei ainda há pouco e achei que valia a pena postar.
Quero que isso seja posto sobre minha sepultura!


Lápide

"Aqui jaz um poeta, talvez imortal!
Sob este frio mármore, na gélida terra,
Jaz um poeta que fez questão de morrer
Nas linhas de um amor imperfeito,
Afogado em suas próprias lágrimas,
Sufocado em seus gritos mudos.
Jaz aqui um poeta, insano, inconstante,
Que se negou a aceitar as cartas marcadas;
Viu a vida esvair-se em seus versos
Confidenciados a simples pedaços de papel,
Guardanapos de bar, como lembranças
Das noites sombrias e frias de um distante outono.
Jaz, bem aqui, um poeta.
Que não quis gostar do sol,
Preferindo as noites, a magia das madrugadas,
A solidão dos dias de inverno,
E odiou os pálidos raios de sol
Que faziam agonizar seus domingos tristes.
Ah, aqui jaz um poeta!
Que nunca soube dizer quem era,
O que queria...Quanta loucura!
Eis, jazendo aqui, um poeta,
Que escreveu sua própria lápide,
Que desejou, um dia, enterrar as lembranças infantis,
E secar as lágrimas de saudade, de desejo, de dor;
Um poeta que apenas viveu a seu modo,
Que tentou juntar os pedaços de uma existência cinzenta e,
Por fim, optou por morrer nos braços de sua própria poesia."

Juliano Cruz
15/06/2009 – 00:11h

22 de julho de 2010

A Genética explica!


Aconteceu assim...

Sempre que passo, ouço
Vozes a clamar: “por que é tão
Triste este rapaz?... quase não se vê sorrir!”
Vou contar, pois, nestes versos
O que aconteceu para que
Triste assim eu fosse.

Quando eu surgi no mundo,
Sem que ninguém ainda o soubesse,
A tristeza fatalmente agarrou-e
À perna direita do cromossomo X,
E negou-se a soltar!

Só por isso, nasci triste,
Sem vontade de sorrir, sem
Ver na vida as cores que
O Onipotente despejou.

Não que seja uma opção,
É mais uma condição,
Que se me impôs nem
Sei por quem, ou seja,
Não me perguntem de quem
É esta culpa, porquê
Nem eu mesmo sei!"

Juliano Cruz
22/11/2009 – 00:25h

15 de julho de 2010

Mais um duro golpe da vida

Como se já não me bastassem todos os golpes, duros golpes, aliás, que a vida me inflige, hoje fui vítima de mais um!
Levei Charlotte (minha pastor alemão) ao veterinário. Ela já tem 13 anos e de um tempo pra cá, foi parando de comer e emagrecendo muito. Chamamos a veterinária, que diganosticou uma infecção no sangue e hipoglicemia. Entramos com medicação, mas ainda assim, ela se negava a comer. Por conta disso, marcou-se uma ultrassonografia para Charlotte.
E fomos nós, hoje, para o consultório da veterinária para o exame e, eis que a vida me golpeou em cheio! Charlotte está com um linfoma no fígado. Em outras palavras, o fígado dela está tão grande que comprime todos os outros órgãos, e não há o que fazer, ou seja, vou tentar levar a vida dela até onde der. Pode durar dias, como pode durar meses.
Não sei muito o que pensar sobre isso. Eu amo essa cachorra. Ela é tão bacaninha! Não consigo parar de chorar em pensar que um ser que eu amo tanto, que sempre esteve perto, que durante 13 anos ficou atrás de mim me cheirando, me lambendo, segurando meu pé, vai morrer, vai esperar a morte e eu não poder fazer nada. Nada...
Sinto como se mais uma parte de mim começasse a morrer. É como se eu já começasse a viver o luto antecipadamente. Já vi morrerem tantas partes minhas, já tive que viver tantos lutos. Mais um duro golpe da vida, e eu, sinceramente, acho que não agüento mais.
Hoje, só sei chorar!

7 de julho de 2010

É que às vezes eu amo tanto que chega a doer...


...daí, tenho que sair de cena!


"O beijo do soldado em sua namorada
Seja pra onde for
Depois da grande noite
Vai esconder a cor das flores
E mostrar a dor.".

(Cazuza)

30 de junho de 2010

"Saudade é a presença do distante". (Bilac)


"-Desengasguei!
-E o que havia em tua garganta?
- A saudade de ti!" (De uma conversa com um amigo)


Alguém já bem disse que a saudade é uma coisa muito complicada, e eu acredito que seja verdade. Há dias em que ela fica adormecida em alguma parte qualquer de nossa mente. Mas há dias, também, em que ela desperta, e não se limita a um determinado espaço em nós. Ela faz questão de se alastrar por todo o ser!
Tudo o que fazemos nos remete a algo que se perdeu, ou a alguém que se foi, ou mesmo a algo que não existiu, que nunca aconteceu, de alguém que nem conhecemos.
Hoje meu dia está assim: cheio de saudade! Uma nostalgia estranha, que violentamente me invadiu, desde as primeiras horas da manhã. Mas não está sendo uma saudade ruim, que me deixa triste.
Sinto uma saudade, hoje, que me trouxe boas lembranças. Lembrei-me das brincadeiras de criança, até tarde da noite em antigos verões; dos esconde-esconde, dentro da casa da Vóvis; dos sustos que dávamos uns nos outros, com o único intuito de atormentar; das vezes em que dormia sobre a barriga do meu pai, quando eu tinha 2 ou três anos, e de tantas outras coisas.
Sentir saudades...sentir viver e pulsar tão perto a presença do que está distante, do que só existe ainda em mim. E isso hoje me fez bem!

28 de junho de 2010

Agonia...


Anjos chorosos caminham por essas
Ruas quaisquer de inverno.
Perdidos numa estrada vazia,
Presos entre passado e futuro,
Gritam suas dores em lamentos insólitos,
Como se fosse a última chance de uma
Ínfima felicidade!
Ó, esperança fugaz!
Ó, gritos de dor e amor!

É hora de caminhar, mas não
Sei se o posso fazer sem que
Tenha por perto quem um dia me
Não consigo me viver, caminhar,
Prometeu amor e paz eternos!
Acordar sem que pense, a cada dia
Que minha vida dissolveu-se como
Um castelo de areia ao sabor de uma onda.
E vejo morrer em mim tudo aquilo que já
Agonizava há tempos!
E não consigo traduzir o que se passa
Em meu peito, o que inunda minha
Mente inquieta como gotas ferozes.

Não há perturbação que resista à paz de teu abraço,
Não há noite que persista ante a luz de teus olhos.
Mesmo que você não veja, meus olhos, na multidão,
Procuram pelos teus. Minha carne, em desespero,
Grita pelo teu abraço, teu calor...

Juliano Cruz
19-28/06/2010

27 de junho de 2010

Apenas uma tentativa de TRADUÇÃO!



TRADUZIR-SE

"Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?"

Ferreira Gullar

26 de junho de 2010

Aprendendo


Hoje aprendi uma coisa que, pelo menos para mim, será de grande valia: quando os versos de um poema novo inundarem a alma, anote-os imediatamente!
Sim, tive hoje, assistindo a um dvd do The Doors, um insight com uns versos lindos, porém, não os escrevi, confiando em minha memória, que nunca foi grande coisa. Resultado: sentei-me, agora com o intuito de escrevê-lo para postar aqui, mas minha memória não foi capaz de trazê-los à tona!
O que me deixa satisfeito é que, mesmo que ninguém o tenha lido, ou mesmo ninguém sabendo do que ele trataria, esse poema misterioso e desconhecido aconteceu dentro de mim, portanto, ainda que por um breve espaço de tempo, ele esteve vivo, já que, para um poema viver, segundo penso, ele não precisa ser escrito. Basta que ele aconteça.

21 de junho de 2010

Infinito...talvez particular...


Acordei, como de costume, às 00:06H da manhã, pontualmente! A vida proletária me obriga a isso. Que sina! Ter que se sujeitar a tantas coisas para poder tentar ser alguém na vida. Enfim, nem é sobre isso que quero falar.
Minha mãe abriu a porta do quarto, e a luz do corredor invadia uma parte do meu simples aposento. Fiquei, por alguns minutos, deitado na cama, pensando na vida. Rapidamente meu cérebro já começou a processar as mil coisas que teria de fazer durante o dia. Aliás, até quando durmo (do pouco que durmo) minha mente faz questão de não desligar. Em meio a infinitos pensamentos, fantasias, desejos e emoções, surgiu-me um desejo diferente! Começou como uma simples gota, e quando dei por mim, era uma enxurrada violenta que estava a me invadir, sem dó e sem piedade!
Era um desejo de infinito, de absoluto! Era como se, num instante, minha alma pudesse ser preenchida! Não sei dizer por quanto tempo esse desejo, essa sensação de saciedade na alma durou, porém, sei que me levantei da cama atordoado, quase alheio!
Agora, quase doze horas depois, consegui digerir um pouco disso tudo e venho escrever. Na verdade, eu nem sei que significado dar a isso. Não quero entender, quero saber o que isso significa, apenas.
Enquanto eu não consigo achar um significado, resta-me viajar na voz de Aretha Franklin...Don´t Play That Song For Me...

17 de junho de 2010

Não é fácil!


Queria postar alguma coisa. Sei lá...escrever, deixar alguma impressão legal sobre o que tenho feito, mas hoje estou num dos meus dias cinzentos.
Pela manhã, minha amiga me perguntou se eu estava de bem com a vida, hoje. E descobri que estou sempre de bem com a vida, só que ao meu modo, e meu modo de esta de bem com a vida talvez não seja igual ao da maioria das pessoas.
talvez eu a tenha escandalizado, mas aprendi, hoje esta grande lição: cada um vive de bem com a vida a seu modo, e eu não tenho o direito de dizer que alguém está errado, até porquê, eu mesmo não sei se meu modo está certo...
Mas, mesmo estando no auge de um dos meus dias cinzentos, onde tudo me é pesado e sem graça, onde todas as coisas tiveram gosto de isopor, estou calmo...Talvez seja apenas um modo de ver as coisas. Quem poderá dizer com certeza?
Hoje, o crédito da ilustração é de meu amigo capixaba David (esqueci o sobrenome....)
Como fui reticente nesse post. Odeio!

11 de junho de 2010

Nem as migalhas!


Hoje estou num dos meus dias cinzentos. Na verdade, acho que nunca vivi um dia que tivesse tido outra cor senão cinza. Sou indiferente ao frio, ao telefone que toca (o celular já tocou várias vezes e eu não tive vontade de atender), às coisas que falam aqui em casa. Nada é capaz de me fazer provar de uma única gota de alegria. Minha oração, a cada dia que passa está mais medíocre (o problema não é Deus, sou eu!). As coisas andam cada vez mais insossas para mim, de tal modo que me é difícil querer provar qualquer coisa nova na vida, já que tudo vai ter o sabor do nada!
A cada dia me sinto mais vazio, mais sozinho e em meio a inúmeros turbilhões de saudade, dor e coisas do gênero. Ultimamente, meu companheiro fiel tem sido Fernando Pessoa e seu Livro do Desassossego. Como em encontro no que ele escreveu; como me identifico com sua alegria na tristeza. É estranho!
Aliás, desde a primeira vez que li ou ouvi certas personalidades, tive a impressão de que eles cantavam ou escreviam a minha alma, como se me conhecessem há muitos anos. Janis Joplin, Elis Regina, Florbela Espanca, Cazuza, Aretha Franklin, Vinícius de Morais, Pablo Neruda, Billie Holiday...Enfim, a lista é infindável.
Estou impaciente, irritado, agitado, com o nó na garganta mais sufocante do que nunca, sem conseguir chorar. Vida estúpida! Tem horas em que penso que...enfim...
Acho que vai ser só isso mesmo. Se não foi diferente até agora, por que esperar que mude? Até as migalhas a vida anda me negando. (11/06/2010 – noite)

9 de junho de 2010

Mais turbilhões...


Ah! Mas o vazio dentro de mim hoje é tão intenso que tomou toda a minha alma. Aliás, estou escrevendo sentindo que o nada está escorrendo pela ponta de meus dedos, tamanha é sua proporção. Tenho a impressão de que a vida faz questão de me esmagar o peito e de me tirar as poucas coisas que ainda tentam fazer sentido para mim.
Sempre aos turbilhões. Sempre com essa terrível sensação de que algo me falta e eu não sei o que é. É como se um pedaço da minha carne me fosse arrancado, violentamente, sem que eu tivesse chance ou força para impedir o ato carniceiro! Sempre com a sensação de que minha vida está diante de um semáforo que não sai do amarelo. Sempre tentando manter a esperança de que, algum dia, as coisas vão melhorar, ao mesmo tempo em que sempre vejo as esperanças dissolverem-se a cada dia.
Ah...

6 de junho de 2010

Silêncio Eloquente


"Não insistam:
Hoje resolvi me calar!
Me calei e vi,
Sem sombra alguma de dúvida
Que meu silêncio foi mais
Eloqüente que minhas palavras!"


Juliano Cruz
06/06/2010 – 21:29

1 de junho de 2010

Talvez uma imposição da vida...


Prisioneiro

Sou prisioneiro de mim mesmo;
Sou quem não pedi para ser.
Um estranho até para mim mesmo;
Nada mais que um reflexo no espelho.

Sou prisioneiro! Eu mesmo me atei
A estes fatos inquestionáveis;
A este sentir tudo que quase me mata!
Cá estou: aprisionado, atado,
Amordaçado e sem mais nada
Que me possa ser roubado.
Eu sou obrigado a viver uma
Vida que sinto não ser minha,
A ter sonhos que eu não queria.
E o que vejo no espelho
É apenas uma pergunta, uma incógnita.

Sou prisioneiro de mim mesmo;
Sou quem não pedi para ser.
Um estranho até para mim mesmo;
Nada mais que um reflexo no espelho.

Juliano Cruz
31/03/2010 (noite)

29 de maio de 2010

Bilac...


In Extremis
"Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia
Assim! de um sol assim!
Tu, desgrenhada e fria,
Fria! postos nos meus os teus olhos molhados,
E apertando nos teus os meus dedos gelados...

E um dia assim! de um sol assim! E assim a esfera
Toda azul, no esplendor do fim da primavera!
Asas, tontas de luz, cortando o firmamento!
Ninhos cantando! Em flor a terra toda! O vento
Despencando os rosais, sacudindo o arvoredo...

E, aqui dentro, o silêncio... E este espanto! e este medo!
Nós dois... e, entre nós dois, implacável e forte,
E arredar-me de ti, cada vez mais, a morte...

Eu, com o frio a crescer no coração, — tão cheio
De ti, até no horror do derradeiro anseio!
Tu, vendo retorcer-se amarguradamente,
A boca que beijava a tua boca ardente,
A boca que foi tua!

E eu morrendo! e eu morrendo
Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo
Tão bela palpitar nos teus olhos, querida,
A delícia da vida! a delícia da vida!"

27 de maio de 2010

Fragmento


Meus nobres, perdoem minha ausência! Semana de provas na faculdade é isso: correria, noites mal dormidas, estresse e altas crises de riso ao constatar que ficamos aquém do esperado em nosso desempenho! Histeria? Talvez. Depois de fazer duas provas, o mínimo que posso fazer é ficar histérico!
E pela graça de Deus, chegou o frio! Como gosto de dias gélidos, com o vento cortando o rosto e os raios pálidos de sol surrando o piso ao entrarem pelas vidraças! Não nasci para o verão, para o sol.
Já dá pra sentir aquele sabor de tarde de inverno. Não sei explicar como isso se dá, mas, mesmo no verão, muitas vezes meu peito é invadido por esse sentimento. É devastador, porém, não posso dizer que não gosto.



"Olho para trás...O que será que eu poderia ter feito? Talvez deixar uma marca positiva na vida de alguém, ter olhado com mais humanidade para alguém que cruzou meu caminho na rua, ter dito que amava os meus mais vezes e demonstrado isso.
Eu não sei...Parece-me que a vida vai passando cada vez mais rápido e eu não tenho mais tempo de fazer as coisas que sempre julguei importantes. Não consigo mais parar de correr contra os ponteiros do relógio, que, quando não correm velozes, arrastam-se tão lentamente que tenho a impressão de estar agonizando.
Sinto minha vida fragmentar-se, desprender-se de mim a cada segundo, a cada movimento, a cada pulsar desse meu velho e desiludido coração. Vida: paradoxo! Quando penso que alcancei tudo o que poderia me satisfazer, vejo que a efemeridade não me permite tal coisa. Passa-se o tempo, passa-se a vida, e vou percebendo que nada é capaz de abrandar essa dor, esse vazio, esse caos que existe em mim, que me assola e devasta, como um turbilhão que me invade, cheio de lembranças, como recortes antigos.
Não tenho idéia do motivo pelo qual estou escrevendo, mas como sempre sou obrigado a dizer que essas palavras que escorrem de minha alma para meus dedos me trazem alívio. Confidenciar o que sinto a esta folha me faz bem, me deixa menos inquieto, me dá a sensação de liberdade que tanto gosto. Escrever significa que este pedaço de papel não vai me julgar, me rotular, me dizer o que supostamente é certo". (Juliano Cruz - 09/07/2008 - 01:07h)

24 de maio de 2010

Ah...o amor e suas catástrofes!


"O Poço

Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.

Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?

Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.

Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.
Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu peito.

Radiosa me sorri
se minha boca fere.
Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador que comparte contigo
terras, vento e espinhos das montanhas." (Pablo Neruda)

18 de maio de 2010


Flagelo

Queima dentro em mim uma chama
Que não sei de onde vem, nem
Por que se acendeu.
Arde em meu peito uma saudade viva,
Que chega a ser contundente. Flagelo.
Jaz em minh´alma este amor que,
Inconcebível, me maltrata e
Se espalha por todo meu ser.

Noite primaveril silenciosa,
Certezas que se desfazem em
Meio a um vento gélido, quase mortal;
E o silêncio sepulcral que se espalha
Por todo meu pobre peito,
Enquanto vejo, sem ação,
Meus castelos de areia se
Dissolverem diante de meus olhos lacrimosos,
Já mortos de esperar sem nada mudar.

Juliano Cruz
13/10/2009 – 00:09h

17 de maio de 2010

Um não sei que de desassossego


Um fragmento escrito por mim em uma de minhas noites em claro:

Desarranjo

"Mais uma noite insone. Ah, esta insônia que me persegue há tempos! Aproveito essa hora pra escrever, para contemplar o silêncio que jaz na madrugada, pra tentar colocar pra fora as coisas que sinto, que gostaria de sentir e as coisas que, sequer, sei sentir.
Ultimamente ando a procurar algo que nem sei o que é, na verdade. Olho para a minha vida e vejo que tenho tudo o que é necessário para sobreviver, mas falta-me ainda uma coisa, e eu não sei o que é. Estou procurando, procurando, procurando...Acredito muito em Deus, sei que Ele está comigo, tenho minha família, tenho amigos: poucos, porém fiéis; tenho a minha profissão, tenho um amor – ainda que platônico, mas tenho. O que será que me falta?
Sinto uma necessidade estranha de viver num abraço. Amo ser abraçado, e parece-me que a cada dia que fico sem um abraço sou capaz de morrer, me sinto desprotegido, inseguro. O que me falta? Que eu gosto da tristeza e da morbidez, já assumi. Que não suporto ser feliz por muito tempo, que creio que minha vida não anda, isso também todos já sabem.
Ah, como tenho saudades! Saudades de nem sei quem, de algo que não vivi, de alguém que não conheci. Saudade de um tempo em que as coisas pareciam mais simples, de um tempo onde eu acreditava ser possível a idéia de felicidade. Quantas coisas eu queria reviver.
Momentos que foram rápidos, efêmeros, mas deixaram marcas fabulosas em mim. Ao mesmo tempo, quero extinguir de mim as sombras que, constantemente, vem me assombrar. É como se houvesse um abismo intangível entre mim e a felicidade. Não acredito em felicidade desde muito tempo, quer dizer, acredito na felicidade dos outros, pois os vejo sempre conseguindo seus intentos, comigo, tenho a impressão de que a vida sempre faz questão de me apunhalar, e é justamente nesse ponto onde sinto que estou em desarranjo com a vida e com tudo o que ela encerra.
Já escrevi tanto, já pensei tanto, já chorei tanto, já idealizei tanto que não sei mais o que fazer, que rumo tomar. Meus gritos mudos tornam-se cada vais mais agudos, mais latentes e a dor que há em mim torna-se a cada hora pior. Dói viver, dói tentar ser feliz, dói querer ser amado, dói amar, dói ser Juliano! Dói ser sozinho, me sentir só, andar só em meio à multidão. Dói pensar que minha vida não é um pôr-do-sol dourado no horizonte.
Outro dia, numa cinzenta manhã de verão, acordei com a estranha sensação de ter perdido alguma coisa importante. Era como se algo houvesse morrido repentinamente em mim e eu só estivesse me dando conta naquela hora, ao acordar. O que seria? Até hoje tenho essa sensação, e não sei o que perdi pelo caminho. Apenas sei que o espaço que isso ocupava, só ajudou a aumentar o vazio e a angústia que desde há muito são latentes em mim".

16 de maio de 2010

É tanta coisa que nem sei...


"O mundo é um clichê. E pior, muito pior será o dia em que colocarem essas flores falsas sobre a minha sepultura"!

Rosas de Vidro

Arranco estes versos de alguma
Parte obscura de minha alma!
O que não posso gritar aos
Quatro ventos, escrevo nestas
Linhas inexatas, como se meu
Lamento escorresse pelas pontas dos
Meus dedos trêmulos de tanta apatia!

Minhas rimas medíocres se tornam
A cada dia vazias e descoloridas,
Como um filme em branco e preto
Sem começo, meio ou fim!
Essas flores que hoje balançam
Ao sabor do vento de inverno...
Ah, este inverno que me devasta!

Sem um abraço, sem um sorriso,
Apenas lágrimas que irrompem
Impetuosas de meus olhos castanhos
Já habituados e cansados de pranto.

E os gritos mudos ecoam em minha
Alma dilacerada por tua ausência,
Pela falta que me faz teu abraço,
Tua calma, tua respiração, te ver dormir...
Fragmentos de minha vida se unem
À lembranças infantis de tua presença.
Vou caminhando entre espinhos!
Entre rosas de vidro, ilusões e saudade.
Onde o nada se faz palpável!

Juliano Cruz
18/07/2009 – 18:53h

13 de maio de 2010

Inabitado!


"Não sei o que anda acontecendo comigo. Que eu vivo angustiado, sempre inquieto, não é novidade pra ninguém. Mas faz já alguns dias que estou mais angustiado do que o costumeiro.
Há alguns dias, percebi em mim uma sensação terrível de estar sem chão, sem apoio, num abandono terrível. Era como se eu estivesse passando pela vida sem ser notado por ninguém, sem que as pessoas me vissem. E assim permaneço até então. A impressão que eu tenho é de que sou um estranho até para mim mesmo. Não me conheço mais, me sinto sozinho, me sinto preso, oprimido por um não sei que de solidão! Resumindo, me sinto inabitado!
Sim, é como se eu não estivesse em mim, como se eu tivesse indo ido embora de mim mesmo. Não consigo me concentrar, não tenho inspiração para escrever, para estudar, para ouvir música. Parece-me, em certos momentos, que a vida que havia em mim estancou-se em algum momento sem que eu percebesse, sem que eu tivesse tempo para fazer qualquer coisa. Nada tem feito efeito para aliviar isso: nem a música, nem a oração, nem nada.
Ao mesmo tempo, me intriga muito o fato de as pessoas me terem como uma referência. A quantidade de gente que me liga, que me procura para pedir oração, conselhos ou simplesmente partilhar a vida (e as pessoas partilham comigo mesmo sem me conhecerem) é impressionante. Há dias em que preciso desligar o telefone para ter um pouco de silêncio. Mas, em seguida o silêncio já me é insuportável. Creio que a quietude é uma coisa para a qual meu espírito não foi condicionado. Mesmo que externamente eu esteja quieto, taciturno, calado, por dentro, minha mente e minha alma estão aos turbilhões, e isso acaba em machucando, nem sei porquê. E dói! Dói tanto que, muitas vezes na vida já pensei em provocar uma dor no corpo para ver se a da alma era amenizada...
Não sei o que fazer. Queria apenas que alguém me abraçasse. Não precisaria dizer nada. Me contentaria com o abraço (nó na garganta!). (13/05/2010 – 17:17h)"

7 de maio de 2010

Essa Aline...


Os Corações de Aline

Nada mais importava! Nem os problemas da noite, nem os perfumes de outono. Nada!
Ela tinha o desejo de espalhar o amor. Tinha o desejo de amar as pessoas de tal modo que não suportava a idéia de ter que partilhar seus amados com quem quer que seja. Quase se alimentava da presença de quem se aproximava.
De tanto amos que tinha em si, resolveu, de modo simples, num gesto sereno e cheio de uma leveza insustentável, espalhar o calor ardente que lhe abrasava ternamente o peito.
Tirou de uma folha toda cheia de tons rosados. Olhou-a fixamente, como se vislumbrasse ali todas as boas intenções do coração humano, ou o isso puro e incontido das crianças que ela tanto desejava abraçar e apertar contra o peito.
E com um brilho inocente nos olhos e um sorriso cheio de candura, habilmente dobrou a folha uma vez. E mais outra, e outras mais. Aquela folha rosada foi tomando forma. Uma forma inusitada, porém cheia de significado, de “sins” e de nãos, de lágrimas e sorrisos.
Repentinamente, sem que eu me desse conta, depositou aquela folha sobre minha mesa. E contemplei por um breve instante aquele coração de papel, e descobri que não era apenas um papel qualquer que era depositado sobre a brancura pálida de minha carteia, numa sala de faculdade.
O que Aline colocou sobre minha carteira e sobre a minha vida, minha alma, era a amizade cândida que ela me tinha; o amor incondicional que ela me devotava.
Eu, por minha vez, acolhi não apenas o coraçãozinho de papel. Fui alem, e acolhi todas as coisas de Aline, seu mundo, sua vida, que já faziam parte, também da minha vida.


Juliano Cruz
24/03/2010 – 20:48h

6 de maio de 2010

Cicatrizes


"If you don´t believe there´s a price
to this sweet paradaise,
just remind me to show you the scars" (Dylan)


Há dias em que, por causa de uma coisa ínfima, vem à tona tudo o que parecia estar assentado, quieto, dormente. Daí, percebo que, no mais secreto de mim mesmo, onde eu pensava existir um doce paraíso, não há nada mais que uma dor que se eleva de minha alma como um grito mudo.
Não sei porque estou escrevendo isso, mas me veio à alma e precisei expor.
Há quem diga que as cicatrizes são marcas de vitórias, troféus. Aparentemente pode ser. Mas dentro de mim? Só Deus sabe!

2 de maio de 2010

As paredes brancas...


"Porque as paredes não deixarão de sê-lo se eu não estiver mais aqui. O chão não vai perder sua essência se eu não mais assentar meus pés sobre ele, e o ar não vai parar de mover-se se eu não mais respirar. E nisso vejo a efemeridade desta vida! As coisas não deixam de ser elas mesmas pela minha ausência. Eu posso parar de existir, mas as coisas todas ainda serão. Acho que, para morrer, eu tenho que ser completo, e é só quando eu for completo que poderei morrer. Antes disso, não. Me nego!
Mesmo as paredes ou o chão não sabendo de minha existência, eles fazem, de alguma maneira, parte de mim, do meu universo. Talvez minha vida não fosse a mesma se não fossem essas paredes que, de tão brancas, parecem pálidas! Acho-as, às vezes, brancas demais. Chegam, em alguns momentos, a irritar-me, haja visto que são inexpressivas e me lembram o nada, que tanto me assola! É como se essa brancura mórbida me sufocasse, me fizesse perder o rumo da minha própria vida. Não sei!" (Verão de 2010)

29 de abril de 2010

As horas...


Parece que, em determinados dias, as horas não passam. Tenho a impressão de que os ponteiros do relógio estão a me torturar, tamanha é a demora. E por quê isso?
Ora, porquê há dias em que eu gostaria de ser poupado de uma série de coisas. Mas, como disse minha tia, "talvez você não tenha nascido para ser poupado". O que vai se fazer?

As horas se arrastam, assim
Como eu faço por esta vida que,
Um dia, quase foi feliz.
Sinto morrer, a cada segundo, as
Últimas gotas de esperança que
Jazem em minh´alma confusa.

Creio que há muito morri!
Morri de tudo; de todas as formas:
Uma dose maciça de verdades da vida,
Amores que nem chegaram a nascer;
Abraços que só existiram em meus sonhos,
Que já escoaram por entre meus dedos!

Mil sensações! Fantasias insólitas...
Desejos que ardem na alma,
E minha carne que se quebranta
Por uma saudade que cobre meu
Pobre peito e faz esvair-se de mim
A mais fugaz chance de
Uma felicidade falsa.

Juliano Cruz
22/10/2009 – 21:30h

27 de abril de 2010

...É...


Não me senti inspirado a postar o que que que fosse nos últimos dois dias. Volto, pois, hoje, com um novo post, contendo um poeminha meu.


Os Meus Versos (Infinitude)

Eu não sei de onde vêm estes
Meus versos que ninguém pode
Escrever por mim.
Talvez venham das profundezas
De minha alma confusa.

Não há como medir minha poesia!
Ela tem a altura do céu,
E profundidade do oceano,
A largura do infinito –
Do qual tenho um desejo desmedido –
E seu peso é igual ao da
Leveza insustentável do amor,
Das dores, da raiva...da saudade
Que a eternidade e o futuro
Plantaram em mim.

Há nos meus versos o sorriso
Da Esperança; o odor da simplicidade;
A doçura de um abraço e a
Candura de um sorriso de criança.

Se alguém quiser tocar a minha alma,
Toque meus versos, já que neles
Talvez seja possível descobrir minha infinitude.

Juliano Cruz
05/02/2010 – 16:29

24 de abril de 2010

Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite...


E eu que queria ser poupado da solidão, nesta noite...
Restou-me, hoje, pouca coisa: a voz de Dalva de Oliveira, os versos de Florbela Espanca e o calor torturante que faz nesta cidade terrível!

"Com a frieza de um ladrão
Rondei o teu ser, estudei os teus jeitos
Invadi a tua alma, arrombei o teu peito
Furtei o teu coração
Por caminhos travessos
Alcancei o meu objetivo
Entrei na tua vida, o amor foi o motivo
Por ele pagaria qualquer preço
Hoje, finalmente ao teu lado
Liberto de culpas, perdoado
Uma coisa preciso te confessar:
Se fosse preciso, sem receio e sem talvez
Furtaria o teu coração mais uma vez
Não se peca por amar!" (Florbela Espanca)

23 de abril de 2010

Liberdade, comunhão, plenitude...


...e de repente, hoje, ainda há pouco, me senti livre, em comunhão com as coisas à minha volta!
Não sei bem como explicar o que senti, mas é como se gotas de plenitude tivessem me invadido a alma pelos olhos, enquanto eu contemplava as maritacas que matavam sua fome com as ameixas da árvore da casa de trás!
Quanta singeleza! Fiquei ali observando. Não disse nada e nem me preocupei em pensar em alguma coisa. Apenas fiquei ali, olhando, sentindo e me sentindo muito bem.
Ainda que por poucos minutos, me senti pleno, livre, um só com tudo o que existe. Quase uma experiência mística!

22 de abril de 2010


Quase sempre, Clarice consegue traduzir minha alma. Quando não consigo expressar algo, procuro por ela, e vejo que ela já expressou o que eu sinto em alguma frase, livro ou escrito.
Após ler este poema normalmente, leia-o de baixo para cima, na ordem contrária.

"Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais..." (Clarice Lispector)

20 de abril de 2010

Lágrimas e chuva


Uma vez, fiquei agradecido quando, na rua, fui surpreendido por uma chuva de verão. Estava andando, com uma vontade terrível de chorar. Me sentia sozinho, pequeno, sem a mínima noção do que fazer da minha vida, que, aliás, nunca foi um rio de águas calmas, e o vazio estava me dilacerando o peito. Eu estava andando por uma rua qualquer do centro da cidade quando, repentino, o céu desfez-se em água sobre a minha cabeça. Molhado, com os pés encharcados – e eu acabava de me recuperar de uma gripe – e sem ninguém para me acolher, me abraçar, me olhar nos olhos e colocar a mão no meu ombro, eu chorei, na rua mesmo. Chorei porque descobrira ali, naquele momento, que a vida é, realmente, uma falta de vergonha e que, por mais que digam o contrário, as coisas nunca sairiam deste mar de incertezas e dor. Chorei e não me senti consolado, mas, pelo menos, não tive que dar explicações a ninguém, porque minhas lágrimas se misturaram aos pingos da chuva que surravam meu rosto, e ninguém percebeu meu pranto, ou seja, mais uma vez, chorei sem que ninguém notasse. Ninguém!
E vi, junto com o lixo que singrava pela enxurrada, os meus sonhos irem-se também. Vi as minhas últimas quimeras afogarem-se em meio à água suja que lavava o asfalto quente pelo sol escaldante de verão. E vendo tudo ser levado pela enxurrada, fui compreendendo com mais clareza que eu não tinha mais nada! Já haviam me roubado tudo, me tirado as coisas que eu pensava ter, e agora, até as minhas quimeras miseráveis haviam se afogado na enxurrada cheia de lixo. Será que as quimeras que cultivamos são lixo?

19 de abril de 2010

Uma gota de minha alma...


Foi bom ter saído ontem e ter ido ao aniversário da Bel. Amo essa loira!
Comemos muito, falamos muito, rimos muito. Me expuseram à execração pública pedindo que eu fizesse minhas imitações. Valeu a pena!
O problema é quando, de repente, me vejo sozinho. Aliás, me sinto sozinho o tempo todo, mesmo quando rodeado de tanta gente que amo!
Sinto que me falta algo. Não sei o que é, mas me falta. É como se houvesse um buraco dentro de mim, um vazio impossível de ser preenchido.
Sei que não posso reclamar da minha vida, pois tenho tudo. Tenho uma família fantástica, tenho amigos (poucos, porém fiéis), trabalho, estudo, mas ainda me falta algo. Não me sinto completo.

17 de abril de 2010

Há dias em que o silêncio me é insuportável. Parece-me que ele me pesa nos ombros. Não sei bem como explicar, mas é como se a quietude, em certos dias, me tirasse a paz.
Hoje, ao contrário, o silêncio está sendo apreciável. Um bem tremendo ao meu espírito.
Não estou bravo, irritado ou algo assim. Apenas não estou com vontade de falar ou me estender em diálogos que, nem sempre, acrescentam algo à minha existência.

16 de abril de 2010

Chegando agora...

Primeira postagem! Não tenho noção do que escrever aqui.
Queria colocar um dos meus poemas, mas não achei nenhum que fosse digno da situação.
Pensei em escrever um poema novo, mas a inspiração não veio. Por isso, acredito que a primeira postagem vai ser esta coisa medíocre que vocês podem notar.
Prometo, a quem quer que seja, que pensarei em algo melhor para as próximas.