17 de agosto de 2010

"...Fogo que arde sem se ver..."


Amor Desesperado

Agoniza o sol nesta tarde cinzenta,
Deslizam sob o céu nuvens errantes, imaculadas.
Não há mais razão para minhas lágrimas incontidas:
Nasce uma vã esperança, enquanto finda este inverno.

Amo-te!
Amo-te mais, infinitamente mais, cada dia,
A ponto de não ser capaz de existir longe de ti, Musa,
Até perder a minha razão, amo-te!

Calafrios tenebrosos percorrem meu corpo,
Teus olhos não cessam de virem-me à mente.
Onde posso escapar de tua voz tão doce?
Amo-te até o desespero!

Amo-te como um desesperado,
Com um insano ar de inocência,
Numa ilusão tórrida e insólita de menino,
Como um amante enlutado!

Morre a tarde!
Num gesto de ternura, tento me lembrar do teu riso.
Uma visão etérea invade minha mente,
És tu, Criatura Bela...

Morro de amor em teus braços,
Provo de mil paixões.
Sinto desfalecer minha alma,
Felicidade celeste ao teu lado!

Nada mais digo,
Recolho minhas lágrimas.
Cessam minhas tormentas,
Porque amo-te sempre e para sempre... Até o fim, amo-te!

Juliano Cruz
12/08/2007- 18:26h

3 de agosto de 2010

Aqui jaz...

Após um período de silêncio, volto a postar aqui um poeminha meu que, modéstia à parte, é um dos meus mais bonitos. Ele ficou um tempo esquecido, porém, eu o encontrei ainda há pouco e achei que valia a pena postar.
Quero que isso seja posto sobre minha sepultura!


Lápide

"Aqui jaz um poeta, talvez imortal!
Sob este frio mármore, na gélida terra,
Jaz um poeta que fez questão de morrer
Nas linhas de um amor imperfeito,
Afogado em suas próprias lágrimas,
Sufocado em seus gritos mudos.
Jaz aqui um poeta, insano, inconstante,
Que se negou a aceitar as cartas marcadas;
Viu a vida esvair-se em seus versos
Confidenciados a simples pedaços de papel,
Guardanapos de bar, como lembranças
Das noites sombrias e frias de um distante outono.
Jaz, bem aqui, um poeta.
Que não quis gostar do sol,
Preferindo as noites, a magia das madrugadas,
A solidão dos dias de inverno,
E odiou os pálidos raios de sol
Que faziam agonizar seus domingos tristes.
Ah, aqui jaz um poeta!
Que nunca soube dizer quem era,
O que queria...Quanta loucura!
Eis, jazendo aqui, um poeta,
Que escreveu sua própria lápide,
Que desejou, um dia, enterrar as lembranças infantis,
E secar as lágrimas de saudade, de desejo, de dor;
Um poeta que apenas viveu a seu modo,
Que tentou juntar os pedaços de uma existência cinzenta e,
Por fim, optou por morrer nos braços de sua própria poesia."

Juliano Cruz
15/06/2009 – 00:11h