24 de março de 2011

Pra mim, faz muito sentido...


"Eu compus Kozmic Blues com K, é uma viagem muito desesperada para ser levada a sério, tem que ser como uma piada do Crumb, se não não dá para agüentar. Kozmic Blues quer dizer que não importa o que você faça, não vai ganhar a guerra. Quando eu era criança, as pessoas me diziam que eu era infeliz porque estava na adolescência, mas que um dia tudo ia fica legal. E eu acreditava. Primeiro achava que quando o homem certo aparecesse, seria a hora, depois que quando eu pudesse trepar em paz, depois que se eu conseguisse algum dinheiro, etc. Até que um dia, sentada num bar, entendi de repente que nunca ia acontecer nada, que nunca ia ficar legal, que o tempo todo tem alguma coisa errada, sempre, só muda o problema. Não era um prazo de espera, era toda a minha vida."

Kozmic Blues

Time keeps movin' on,
Friends they turn away.
I keep movin' on
But I never found out why
I keep pushing so hard the dream,
I keep tryin' to make it right
Through another lonely day, whoaa.

Dawn has come at last,
Twenty-five years, honey just in one night, oh yeah.
Well, I'm twenty-five years older now
So I know we can't be right
And I'm no better, baby,
And I can't help you no more
Than I did when just a girl.

Aww, but it don't make no difference, baby, no, no,
And I know that I could always try.
It don't make no difference, baby, yeah,
I better hold it now,
I better need it, yeah,
I better use it till the day I die, whoa.

Don't expect any answers, dear,
For I know that they don't come with age, no, no.
Well, ain't never gonna love you any better, babe.
And I'm never gonna love you right,
So you'd better take it now, right now.

Oh! But it don't make no difference, babe, hey,
And I know that I could always try.
There's a fire inside everyone of us,
You'd better need it now,
I got to hold it, yeah,
I better use it till the day I die.

Don't make no difference, babe, no, no, no,
And it never ever will, hey,
I wanna talk about a little bit of loving, yeah,
I got to hold it, baby,
I'm gonna need it now,
I'm gonna use it, say, aaaah,

Don't make no difference, babe, yeah,
Ah honey, I'd hate to be the one.
I said you're gonna live your life
And you're gonna love your life
Or babe, someday you're gonna have to cry.
Yes indeed, yes indeed, yes indeed,
Ah, baby, yes indeed.

I said you, you're always gonna hurt me,
I said you're always gonna let me down,
I said everywhere, every day, every day
And every way, every way.
Ah honey won't you hold on to what's gonna move.
I said it's gonna disappear when you turn your back.
I said you know it ain't gonna be there
When you wanna reach out and grab on.

Whoa babe,
Whoa babe,
Whoa babe,
Oh but keep truckin' on.
Whoa yeah,
Whoa yeah,
Whoa yeah,
Whoa,
Whoa,
Whoa,
Whoa,
Whoa...

20 de março de 2011

Uma possível tradução...



Como eu não possuo

"Olho em volta de mim. Todos possuem ---
Um afecto, um sorriso ou um abraço.
Só para mim as ânsias se diluem
E não possuo mesmo quando enlaço.

Roça por mim, em longe, a teoria
Dos espasmos golfados ruivamente;
São êxtases da cor que eu fremiria,
Mas a minhalma pára e não os sente!

Quero sentir. Não sei... perco-me todo...
Não posso afeiçoar-me nem ser eu:
Falta-me egoísmo para ascender ao céu,
Falta-me unção pra me afundar no lodo.

Não sou amigo de ninguém. Pra o ser
Forçoso me era antes possuir
Quem eu estimasse --- ou homem ou mulher,
E eu não logro nunca possuir!...

Castrado de alma e sem saber fixar-me,
Tarde a tarde na minha dor me afundo...
Serei um emigrado doutro mundo
Que nem na minha dor posso encontrar-me?...

Como eu desejo a que ali vai na rua,
Tão ágil, tão agreste, tão de amor...
Como eu quisera emaranhá-la nua,
Bebê-la em espasmos de harmonia e cor!...

Desejo errado... Se a tivera um dia,
Toda sem véus, a carne estilizada
Sob o meu corpo arfando transbordada,
Nem mesmo assim --- ó ânsia! --- eu a teria...

Eu vibraria só agonizante
Sobre o seu corpo de êxtases doirados,
Se fosse aqueles seios transtornados,
Se fosse aquele sexo aglutinante...

De embate ao meu amor todo me ruo,
E vejo-me em destroço até vencendo:
É que eu teria só, sentindo e sendo
Aquilo que estrebucho e não possuo".

(Mário de Sá-Carneiro, 1890-1916)

16 de março de 2011

O fim do Verão...


Prenúncio de Outono

E me resta o quarto trancado,
A própria e triste companhia,
E goles dolorosos de verdades da vida.
Nada mais! Sim: apenas o
Vazio iminente desta noite, onde a
Vida tudo me negou de suas delícias.
Quantos nós se me elevam até a garganta!
Quanto a frouxidão do falar se faz sentir...
Eu que só queria reencontrar minha vida
Num abraço cheio de ternura.

Juliano Cruz
(16/03/2011 – 23:19h)

13 de março de 2011

Coisas que podemos concluir num domingo...


"Conclusão

Porque somos essa colcha de retalhos
Poéticos que traduzem a vida.
Justamente!
A alma transcende a carne, os poros.
Tudo se faz uma só tristeza.
Mil sensações debatem-se por
Entre as paredes da mente, e o brilho
De um olhar que me foi negado
Interrompe meu sono numa hora
Qualquer da madrugada. Estou sozinho."

(Juliano Cruz e Isabel Escarmin
13/03/2011 – 12:30h)

5 de março de 2011

No olho do furacão...


"O peso desta noite passou-me dos ombros à alma num átimo de tempo; e o abismo que existe entre mim e minha vida torna-se, a cada dia, mais intangível, tamanha é sua extensão! Vejo minha vida, mas me parece existir um não sei quê que me impede de tocá-la, de dar a ela um rumo diferente por mais que eu me esforce. Sinto invadir meu peito um vazio denso, como se uma saudade sem fim me habitasse; como se o vazio que já me é peculiar tomasse proporções de grandeza infinda, me sinto mergulhar, cada vez mais neste nada, nesta falta de não sei o que, nessa saudade de quem não conheci, de algo que não vivi. É como se faltasse a mim um pedaço do meu próprio ser, como se eu tivesse perdido uma parte importante de mim, um estilhaço, um membro invisível. Sinto-me abortado de mim mesmo! E sinto que a vida continua a ser abortada de mim em cada olha lançado em direção ao espaço vazio do quarto, em cada gota de chuva que se choca com o chão. A vida se esvai de mim. Sempre! E eu não sou capaz de tocá-la, preservá-la. Ela apenas se esvai de mim como num êxtase ao contrário. Eu saio de mim, mas não sei para onde vou; transcendo meu corpo, mas não tenho rumo certo".
(Juliano Cruz - 05/01/2011 - 00:15h)

3 de março de 2011

Novidade Poética...


Descobri hoje, por intermédio da minha grande amiga Maria Isabel, o poeta Abgar Renault. Li esta poesia dele e me identifiquei muito, pois traduz o modo como venho me sentindo há algum tempo. Espero que gostem. É de uma beleza ímpar!

Balada quase metafísica

"Eu estou assim
absolutamente irremediável
por dentro e por fora, acordado ou dormindo
na Duração, no Tempo e no Espaço.

Eu sou assim:
sem cômodo comigo, sem pouso, sem arranjo aqui dentro.
Quero sair, fugir para muito longe de mim.
Todas as portas e janelas estão irrevogavelmente trancadas
na Duração, no Tempo e no Espaço.

Que é que eu vou fazer?
Não fica bem, assim sem mais nem menos, falecer.
Queria rezar, mas eu sou isto, meu Deus!,
e de minha reza, se reza fosse,
não ouvirias uma só palavra.

Tem pena, uma pena bem doída de mim,
meu Deus, e ouve para sempre esta oração,
e ampara isto que sou eu
na Duração, no Tempo e no Espaço".


Abgar Renault
(1901-1995)