31 de janeiro de 2012

Divagações de um insano...


"Às vezes, tenho a impressão de estar vivendo uma vida que não é minha. É estranho até pra mim mesmo, mas preciso dizer que tenho a impressão de observar minha vida do lado de fora dela, de modo que me parece ter sido lançado nela, que já estava pronta, pré-moldada. É como se eu fosse acompanhando cada episódio dessa vida através de um vidro consideravelmente grosso, que me impede de tocá-la e tomar suas rédeas às mãos.
Me sinto estranho. Me sinto um estranho em mim mesmo. Há dias em que olho-me no espelho – quando consigo olhar – e tenho a impressão de não me conhecer, não saber quem sou. Às vezes, chego a esboçar um diálogo com a imagem, mas logo se evanesce...não consigo mais falar, pensar ou ter qualquer outra ação diante do que, supostamente, sou eu.
Queria ter a fortuna de me decifrar, de descobrir o que, realmente existe em mim que não está em consonância com o restante e que me faz enxergar a vida tão cinza, tão insípida...desisti de tentar chorar, de tentar ser amado. Desisti de tanto que já não sei se é uma desistência ou uma preservação de mais desgastes, posto que tudo em mim tem um peso maior do que o comum.
E meus olhos oceânicos já não disfarçam mais o desgosto; meus ouvidos já negam a ouvir tantas mentiras disfarçadas de verdade e minha alma, apesar da secura dos olhos, derrama-se úmida de tanta tristeza. Sim! Os olhos estão secos, mas por dentro, a alma – que transcende os poros – está úmida de tristeza e chora em silêncio, quando espero todos irem dormir e apago a luz do quarto...(31/01/2012 – 22:07h)".