30 de junho de 2010

"Saudade é a presença do distante". (Bilac)


"-Desengasguei!
-E o que havia em tua garganta?
- A saudade de ti!" (De uma conversa com um amigo)


Alguém já bem disse que a saudade é uma coisa muito complicada, e eu acredito que seja verdade. Há dias em que ela fica adormecida em alguma parte qualquer de nossa mente. Mas há dias, também, em que ela desperta, e não se limita a um determinado espaço em nós. Ela faz questão de se alastrar por todo o ser!
Tudo o que fazemos nos remete a algo que se perdeu, ou a alguém que se foi, ou mesmo a algo que não existiu, que nunca aconteceu, de alguém que nem conhecemos.
Hoje meu dia está assim: cheio de saudade! Uma nostalgia estranha, que violentamente me invadiu, desde as primeiras horas da manhã. Mas não está sendo uma saudade ruim, que me deixa triste.
Sinto uma saudade, hoje, que me trouxe boas lembranças. Lembrei-me das brincadeiras de criança, até tarde da noite em antigos verões; dos esconde-esconde, dentro da casa da Vóvis; dos sustos que dávamos uns nos outros, com o único intuito de atormentar; das vezes em que dormia sobre a barriga do meu pai, quando eu tinha 2 ou três anos, e de tantas outras coisas.
Sentir saudades...sentir viver e pulsar tão perto a presença do que está distante, do que só existe ainda em mim. E isso hoje me fez bem!

28 de junho de 2010

Agonia...


Anjos chorosos caminham por essas
Ruas quaisquer de inverno.
Perdidos numa estrada vazia,
Presos entre passado e futuro,
Gritam suas dores em lamentos insólitos,
Como se fosse a última chance de uma
Ínfima felicidade!
Ó, esperança fugaz!
Ó, gritos de dor e amor!

É hora de caminhar, mas não
Sei se o posso fazer sem que
Tenha por perto quem um dia me
Não consigo me viver, caminhar,
Prometeu amor e paz eternos!
Acordar sem que pense, a cada dia
Que minha vida dissolveu-se como
Um castelo de areia ao sabor de uma onda.
E vejo morrer em mim tudo aquilo que já
Agonizava há tempos!
E não consigo traduzir o que se passa
Em meu peito, o que inunda minha
Mente inquieta como gotas ferozes.

Não há perturbação que resista à paz de teu abraço,
Não há noite que persista ante a luz de teus olhos.
Mesmo que você não veja, meus olhos, na multidão,
Procuram pelos teus. Minha carne, em desespero,
Grita pelo teu abraço, teu calor...

Juliano Cruz
19-28/06/2010

27 de junho de 2010

Apenas uma tentativa de TRADUÇÃO!



TRADUZIR-SE

"Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?"

Ferreira Gullar

26 de junho de 2010

Aprendendo


Hoje aprendi uma coisa que, pelo menos para mim, será de grande valia: quando os versos de um poema novo inundarem a alma, anote-os imediatamente!
Sim, tive hoje, assistindo a um dvd do The Doors, um insight com uns versos lindos, porém, não os escrevi, confiando em minha memória, que nunca foi grande coisa. Resultado: sentei-me, agora com o intuito de escrevê-lo para postar aqui, mas minha memória não foi capaz de trazê-los à tona!
O que me deixa satisfeito é que, mesmo que ninguém o tenha lido, ou mesmo ninguém sabendo do que ele trataria, esse poema misterioso e desconhecido aconteceu dentro de mim, portanto, ainda que por um breve espaço de tempo, ele esteve vivo, já que, para um poema viver, segundo penso, ele não precisa ser escrito. Basta que ele aconteça.

21 de junho de 2010

Infinito...talvez particular...


Acordei, como de costume, às 00:06H da manhã, pontualmente! A vida proletária me obriga a isso. Que sina! Ter que se sujeitar a tantas coisas para poder tentar ser alguém na vida. Enfim, nem é sobre isso que quero falar.
Minha mãe abriu a porta do quarto, e a luz do corredor invadia uma parte do meu simples aposento. Fiquei, por alguns minutos, deitado na cama, pensando na vida. Rapidamente meu cérebro já começou a processar as mil coisas que teria de fazer durante o dia. Aliás, até quando durmo (do pouco que durmo) minha mente faz questão de não desligar. Em meio a infinitos pensamentos, fantasias, desejos e emoções, surgiu-me um desejo diferente! Começou como uma simples gota, e quando dei por mim, era uma enxurrada violenta que estava a me invadir, sem dó e sem piedade!
Era um desejo de infinito, de absoluto! Era como se, num instante, minha alma pudesse ser preenchida! Não sei dizer por quanto tempo esse desejo, essa sensação de saciedade na alma durou, porém, sei que me levantei da cama atordoado, quase alheio!
Agora, quase doze horas depois, consegui digerir um pouco disso tudo e venho escrever. Na verdade, eu nem sei que significado dar a isso. Não quero entender, quero saber o que isso significa, apenas.
Enquanto eu não consigo achar um significado, resta-me viajar na voz de Aretha Franklin...Don´t Play That Song For Me...

17 de junho de 2010

Não é fácil!


Queria postar alguma coisa. Sei lá...escrever, deixar alguma impressão legal sobre o que tenho feito, mas hoje estou num dos meus dias cinzentos.
Pela manhã, minha amiga me perguntou se eu estava de bem com a vida, hoje. E descobri que estou sempre de bem com a vida, só que ao meu modo, e meu modo de esta de bem com a vida talvez não seja igual ao da maioria das pessoas.
talvez eu a tenha escandalizado, mas aprendi, hoje esta grande lição: cada um vive de bem com a vida a seu modo, e eu não tenho o direito de dizer que alguém está errado, até porquê, eu mesmo não sei se meu modo está certo...
Mas, mesmo estando no auge de um dos meus dias cinzentos, onde tudo me é pesado e sem graça, onde todas as coisas tiveram gosto de isopor, estou calmo...Talvez seja apenas um modo de ver as coisas. Quem poderá dizer com certeza?
Hoje, o crédito da ilustração é de meu amigo capixaba David (esqueci o sobrenome....)
Como fui reticente nesse post. Odeio!

11 de junho de 2010

Nem as migalhas!


Hoje estou num dos meus dias cinzentos. Na verdade, acho que nunca vivi um dia que tivesse tido outra cor senão cinza. Sou indiferente ao frio, ao telefone que toca (o celular já tocou várias vezes e eu não tive vontade de atender), às coisas que falam aqui em casa. Nada é capaz de me fazer provar de uma única gota de alegria. Minha oração, a cada dia que passa está mais medíocre (o problema não é Deus, sou eu!). As coisas andam cada vez mais insossas para mim, de tal modo que me é difícil querer provar qualquer coisa nova na vida, já que tudo vai ter o sabor do nada!
A cada dia me sinto mais vazio, mais sozinho e em meio a inúmeros turbilhões de saudade, dor e coisas do gênero. Ultimamente, meu companheiro fiel tem sido Fernando Pessoa e seu Livro do Desassossego. Como em encontro no que ele escreveu; como me identifico com sua alegria na tristeza. É estranho!
Aliás, desde a primeira vez que li ou ouvi certas personalidades, tive a impressão de que eles cantavam ou escreviam a minha alma, como se me conhecessem há muitos anos. Janis Joplin, Elis Regina, Florbela Espanca, Cazuza, Aretha Franklin, Vinícius de Morais, Pablo Neruda, Billie Holiday...Enfim, a lista é infindável.
Estou impaciente, irritado, agitado, com o nó na garganta mais sufocante do que nunca, sem conseguir chorar. Vida estúpida! Tem horas em que penso que...enfim...
Acho que vai ser só isso mesmo. Se não foi diferente até agora, por que esperar que mude? Até as migalhas a vida anda me negando. (11/06/2010 – noite)

9 de junho de 2010

Mais turbilhões...


Ah! Mas o vazio dentro de mim hoje é tão intenso que tomou toda a minha alma. Aliás, estou escrevendo sentindo que o nada está escorrendo pela ponta de meus dedos, tamanha é sua proporção. Tenho a impressão de que a vida faz questão de me esmagar o peito e de me tirar as poucas coisas que ainda tentam fazer sentido para mim.
Sempre aos turbilhões. Sempre com essa terrível sensação de que algo me falta e eu não sei o que é. É como se um pedaço da minha carne me fosse arrancado, violentamente, sem que eu tivesse chance ou força para impedir o ato carniceiro! Sempre com a sensação de que minha vida está diante de um semáforo que não sai do amarelo. Sempre tentando manter a esperança de que, algum dia, as coisas vão melhorar, ao mesmo tempo em que sempre vejo as esperanças dissolverem-se a cada dia.
Ah...

6 de junho de 2010

Silêncio Eloquente


"Não insistam:
Hoje resolvi me calar!
Me calei e vi,
Sem sombra alguma de dúvida
Que meu silêncio foi mais
Eloqüente que minhas palavras!"


Juliano Cruz
06/06/2010 – 21:29

1 de junho de 2010

Talvez uma imposição da vida...


Prisioneiro

Sou prisioneiro de mim mesmo;
Sou quem não pedi para ser.
Um estranho até para mim mesmo;
Nada mais que um reflexo no espelho.

Sou prisioneiro! Eu mesmo me atei
A estes fatos inquestionáveis;
A este sentir tudo que quase me mata!
Cá estou: aprisionado, atado,
Amordaçado e sem mais nada
Que me possa ser roubado.
Eu sou obrigado a viver uma
Vida que sinto não ser minha,
A ter sonhos que eu não queria.
E o que vejo no espelho
É apenas uma pergunta, uma incógnita.

Sou prisioneiro de mim mesmo;
Sou quem não pedi para ser.
Um estranho até para mim mesmo;
Nada mais que um reflexo no espelho.

Juliano Cruz
31/03/2010 (noite)