2 de maio de 2010

As paredes brancas...


"Porque as paredes não deixarão de sê-lo se eu não estiver mais aqui. O chão não vai perder sua essência se eu não mais assentar meus pés sobre ele, e o ar não vai parar de mover-se se eu não mais respirar. E nisso vejo a efemeridade desta vida! As coisas não deixam de ser elas mesmas pela minha ausência. Eu posso parar de existir, mas as coisas todas ainda serão. Acho que, para morrer, eu tenho que ser completo, e é só quando eu for completo que poderei morrer. Antes disso, não. Me nego!
Mesmo as paredes ou o chão não sabendo de minha existência, eles fazem, de alguma maneira, parte de mim, do meu universo. Talvez minha vida não fosse a mesma se não fossem essas paredes que, de tão brancas, parecem pálidas! Acho-as, às vezes, brancas demais. Chegam, em alguns momentos, a irritar-me, haja visto que são inexpressivas e me lembram o nada, que tanto me assola! É como se essa brancura mórbida me sufocasse, me fizesse perder o rumo da minha própria vida. Não sei!" (Verão de 2010)

Um comentário:

  1. Pois é, nós passamos. As coisas passam, mas de alguma forma, continuam noutras formas.

    Seu texto fez-me pensar (não sei bem porque) num que, se não me engano, é do Drummond, em que ele questiona como são as coisas qdo ninguém está: a agulha na gaveta, o graveto na floresta... vc conhece algo assim? Se conhece,sabe então do que falo, e talvez saiba ainda, porque me lembrei disso ao ler você...
    Abraços, meu amigo,

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