13 de maio de 2010

Inabitado!


"Não sei o que anda acontecendo comigo. Que eu vivo angustiado, sempre inquieto, não é novidade pra ninguém. Mas faz já alguns dias que estou mais angustiado do que o costumeiro.
Há alguns dias, percebi em mim uma sensação terrível de estar sem chão, sem apoio, num abandono terrível. Era como se eu estivesse passando pela vida sem ser notado por ninguém, sem que as pessoas me vissem. E assim permaneço até então. A impressão que eu tenho é de que sou um estranho até para mim mesmo. Não me conheço mais, me sinto sozinho, me sinto preso, oprimido por um não sei que de solidão! Resumindo, me sinto inabitado!
Sim, é como se eu não estivesse em mim, como se eu tivesse indo ido embora de mim mesmo. Não consigo me concentrar, não tenho inspiração para escrever, para estudar, para ouvir música. Parece-me, em certos momentos, que a vida que havia em mim estancou-se em algum momento sem que eu percebesse, sem que eu tivesse tempo para fazer qualquer coisa. Nada tem feito efeito para aliviar isso: nem a música, nem a oração, nem nada.
Ao mesmo tempo, me intriga muito o fato de as pessoas me terem como uma referência. A quantidade de gente que me liga, que me procura para pedir oração, conselhos ou simplesmente partilhar a vida (e as pessoas partilham comigo mesmo sem me conhecerem) é impressionante. Há dias em que preciso desligar o telefone para ter um pouco de silêncio. Mas, em seguida o silêncio já me é insuportável. Creio que a quietude é uma coisa para a qual meu espírito não foi condicionado. Mesmo que externamente eu esteja quieto, taciturno, calado, por dentro, minha mente e minha alma estão aos turbilhões, e isso acaba em machucando, nem sei porquê. E dói! Dói tanto que, muitas vezes na vida já pensei em provocar uma dor no corpo para ver se a da alma era amenizada...
Não sei o que fazer. Queria apenas que alguém me abraçasse. Não precisaria dizer nada. Me contentaria com o abraço (nó na garganta!). (13/05/2010 – 17:17h)"

2 comentários:

  1. Neste confissionário público, quem o ouve, não redime, nem perdoa, nem aconselha. Apenas faz "coro ao silêncio", e deseja, se nele houver um fio de compaixão (de sofrer junto com o outro), deseja abrir-lhe os braços...

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  2. Boa tarde!!! Vc não é e nunca foi inabitado... Há alguem que mora em você e sempre morará... Não preciso apresenta-lo, pois já o conheces... Abraços...

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