12 de setembro de 2010

Sem definições


Eu vou jogando com as palavras. Às vezes, escrevo coisas que não entendo muito bem. Outras vezes, ainda, eu releio coisas que escrevi há tempos e é como se outra pessoa as tivesse escrito, não eu. Tenho a impressão de que estou lendo coisas escritas por uns estranho, pois não me reconheço no que escrevi, no que saiu de minha alma e veio à tona em versos, frases, ou fragmentos.
Já tentei, muitas vezes, me definir no que escrevo, mas descobri há pouco que não posso me definir, porquê ainda não estou pronto! Se estiverem atrás de mim, querendo que eu fale ou explique quem sou, estão perdendo a viagem. Estou me construindo, construindo a minha existência, meu caminho, minha essência!
Talvez pelo fato de ainda não ser, eu não consiga me reconhecer nas coisas que eu mesmo escrevi há meses, anos atrás. Eu estou mudando. Sinto que hoje não sou igual ao que fui há seis meses. Sinto que uma alegria infame andou me contagiando a alma de uns dias pra cá. Sinto que meu corpo já sofre os efeitos do meu cansaço mental com intensidade. Sinto, sinto, sinto...
Ainda hoje, à tarde, reli alguns poemas e fragmentos escritos à mão há alguns anos. As folhas já estavam amareladas pelo tempo, com as bordas amassadas. Alguns foram escritos em guardanapos de papel em algum noite de verão, outros escritos em pequenos pedacinho de papel que, certamente, eram rascunhos de algum lugar. Meus versos mudaram, minha forma de escrever mudou, o que eu sentia mudou. O que não mudou foi fato de sentir. Minha alma é maior que meu corpo. Sinto tudo de modo mais gritante do que os “normais”. E gosto de sentir desse jeito!
Dispenso os perfumes suaves, os temperos suaves; dispenso os sabores insossos, as luminosidades médias. Não gosto do meio-termo, do médio, das coisas equilibradas demais! Gosto dos extremos, porquê viver de equilíbrios é quase morrer!

Juliano Cruz
12/09/2010 – 00:12h

Um comentário:

  1. Juliano, não há possibilidade de ser igual para sempre, a mudança é constante, o que fica é apenas a essência. Acredito que não deva encarar como algo ruim, se todos fossem iguais para sempre o mundo seria monótono.

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