3 de setembro de 2011

Claro como um enigma...


"Há quem diga que quanto maior é o vôo, muito maior é a queda. Desde que meu mundo é mundo, a minha vida foi alçar altos vôos para, logo em seguida, eu sofrer a queda terrível da alma! Não sei bem como explicar, mas é como se minha alma passasse, constantemente, por uma experiência de morte. Reformulando: é como se minha alma passasse continuamente pela experiência de ter que morrer.
Hoje, por exemplo, sinto por dentro como que um frio no estômago, igual àqueles que se tem quando se toma um susto. No fundo, acho que nascer me assustou de tal forma que tenho, em tempo integral, a impressão de estar num sobressalto, como se eu acordasse no meio da noite com o telefone tocando escandalosamente, ou como se alguém me espreitasse atrás de uma porta para, quando eu estiver passando, me assustar com um grito ou um movimento brusco demais.
E vivo assim: assombrado, sobressaltado, sem muita noção de quem sou e me assustando a cada detalhe meu que se revela ao longo dos dias! Me assusta, muitas vezes, descobrir quem sou de verdade; me amedronta saber do que sou capaz, e de até que ponto do amor eu posso ir.
Fico pensando, me repensando, e vejo que nada sei de mim, que sou um mistério insondável, um enigma que não se revela, mas que me parece tão claro..."

(Juliano Cruz – 03/09/2011 – 00:04h)

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