1 de julho de 2011

Dia cinza...


Apêndice

"Há certos dias em minha vida que, se me fosse possível, eu optaria por me desabitar, abandonar meu próprio corpo, minha própria existência e me deixaria num modo como “em suspenso”, tamanho é o incômodo que sinto gritar dentro em mim. Não sei bem como isso se dá, e também pouco me importa, mas é um não sei quê de desassossego, de dor, de morte lenta e dolorosa que se instala no centro da alma e se alastra por todo o corpo sem cerimônia alguma.
Em dias assim, o ar, por mais límpido e puro que seja, me parece de uma cor ocre-amarelada, quase como uma foto antiga, já desbotada pelo tempo. O céu, por mais azul e iluminado, me dá a impressão de estar cinza, com um tom quase mórbido de nebulosidade. Na verdade, sei que – me custa admitir o que segue – quem está cinza não é o céu, e quem está palidamente amarelado não é o ar, mas eu mesmo! É uma dose maciça de verdade, mas sou forçado a dizê-lo para que eu me alivie desta intempérie que se forma quase violentamente dentro de mim.
Sinto em dias assim com mais certeza do que em outros que sou como o apêndice de um livro: com ou sem ele, a história não será alterada. É justamente assim que me sinto! Sou o apêndice da minha própria vida, algo sem muita importância, anexado a ela por sabe-se lá que motivo, se é que existe um motivo para tal. É como se a minha vida já estivesse pronta, acabada e, de repente, eu fosse anexado a ela, ou seja, ela não muda, já estava acabada, concluída e eu fui anexado a ela para simplesmente fazer parte, sem maiores explicações". (01/07/2011 - 14:30h).

Nenhum comentário:

Postar um comentário